“Areia não é para amadores”.



Areia não é apenas cenário, apesar de ser o cenário perfeito para tudo o que for arte. As palavras finais de agradecimento do Secretário de Cultura do Estado, Chico César, ao encerrar a 12ª Edição do Festival de Artes de Areia, deixaram claro que a fria e bela Areia não foi, senão, o cenário perfeito, que possuía o histórico de um evento perfeito para alavancar a popularidade do governador Ricardo Coutinho e, o momento ideal de o secretário Chico César dizer a que veio, além de se meter em declarações polêmicas, ainda que legítimas.
Deselegantemente, o secretário de Cultura do Estado, num dos símbolos maiores de Areia, o Colégio Santa Rita, agradeceu ao Governo do Estado, FUNESC, PBTUR, Oi, Caixa, Balaio não sei das quantas e a dois voluntários mirins que, inclusive, alçou a heróis do evento, mas sequer fez menção ao povo de Areia que lotou todos os espaços, pajeou-o e abraçou o evento. Nem às quinze participações dos artistas locais que se apresentaram gratuitamente e enriqueceram o evento: foram oficinas, palestras, exposições, teatro, dança, capoeira, lançamentos de livros, Filarmônica. Nem ao público, nem aos artistas, nem ao Poder Público Municipal, para cumprir a praxe diplomática. Afinal, em Areia, costumamos pedir licença ao entrar e agradecer a acolhida, ao sair. “Inda” mais se você veio fazer festa e eu consenti e ajudei a realizá-la. Ignoro a intenção do Secretário de Cultura da Paraíba com esse gesto de insensibilidade e grosseria que pasmou a todos os altivos areienses e nos indignou, embora não tenha diminuído toda a beleza e a riqueza cultural que os festivais de arte em Areia sempre nos trazem.
Elegância na abertura, com o Governador e sua bela esposa, demonstrando total respeito ao anfitrião, com palavras sem afetação ou partidarismo. Reinou a diplomacia. Parabéns, Ricardo. Deselegância, ao fim, com o germe nefasto da política miúda, na fala de um Rômulo Gouveia que cuidou de colorir o inexpressivo Tião Gomes, alçando-o a incentivador da cultura e das artes, em Areia. Nem Ariano nos faria rir com uma piada tão de mau gosto. Além do que, ignorou completamente a figura do prefeito Élson Filho, sentado na primeira fila, a quem sequer saudou, como manda a ética política. O dono da casa que, afinal, colocou a máquina administrativa e sua equipe a serviço do evento. Saudando o deputado Tião Gomes, o vice-governador não saúda o povo de Areia, pois o referido político “nem areiense é” e não nos representa.
Deselegância maior na fala de Chico César que não viu nada além do espelho e que também ignorou toda uma população que o acolheu carinhosa e elegantemente, e esperava um afago, um beijo por palavras, se não do gestor, pelo menos do artista admirado por todos. Mas não se pode exigir muito de quem é apenas um iniciado no Brejo de Areia. Mesmo assim, Areia não perdoa. Nem deve.

Ana Clara Maia - Areiense, Produtora Cultural, Coordenadora do 10º e do 11º Festival de Artes de Areia. 

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